Copa João Havelange foi o nome adotado para a edição de 2000 do Campeonato Brasileiro de Futebol, em homenagem ao ex-presidente da CBF e da FIFA João Havelange. Impossibilitada pela Justiça de organizar o campeonato, a CBF passou a responsabilidade ao Clube dos 13. Mas, como este não pôde aplicar os critérios de acesso e descenso do ano anterior, acabou gerando o maior Campeonato Brasileiro de todos os tempos, reunindo 116 clubes de três divisões em um único torneio, porém dividido em 4 módulos na sua primeira fase. Porém antes do início do torneio o Clube dos 13 afirmou que não pretendia realizar uma segunda edição no ano seguinte, retomando à CBF o direito de organização[1]
O campeão foi o Vasco da Gama, que conseguiu o seu quarto título nacional, repetindo os feitos de 1974, 1989 e 1997. O vice-campeão, surpreendentemente, foi o São Caetano, que havia sido fundado há pouco mais de 10 anos e que começou a disputa no Módulo Amarelo (correspondente à Série B), mas que chegou à final eliminando equipes tradicionais como Fluminense, Palmeiras e Grêmio.
Em sua trigésima edição, a última do século 20, o Campeonato Brasileiro confirmou seu histórico de desorganização institucional, mas também se consolidou como o campeonato de futebol mais disputado do mundo: 13 clubes diferentes conseguiram o título de Campeão Brasileiro em apenas 30 anos. No mesmo período (1971-2000), por exemplo, o futebol da França e o da Inglaterra tiveram 10 campeões diferentes cada; o da Argentina teve 9 (mas com um total de 39 campeonatos disputados); o da Itália teve 8; Alemanha, Espanha e Uruguai tiveram apenas 7 campeões; e em Portugal apenas 4 clubes comemoraram o título de campeão nacional.
O jogo de volta, que começou a ser disputado no dia 30 de Dezembro de 2000, ficou marcado pela queda de parte da grade de separação do Estádio São Januário, causando 168 feridos. Este jogo, inicialmente programado para o Maracanã, acabou sendo disputado no Estádio São Januário. O motivo da mudança não é claro. O Vasco da Gama, clube mandante do jogo, afirma que a decisão de levar o jogo para São Januário foi apenas para não atrapalhar as reformas que estavam a decorrer no Maracanã. O então governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, afirma que o vice-presidente do Vasco da Gama Eurico Miranda levou o jogo para São Januário apenas porque não quis usar o Maracanã, que apesar das reformas, era capaz de receber um grande público com maior segurança.[5] Na época o Maracanã tinha uma capacidade perto de 100.000 mil torcedores e São Januário, de acordo com Eurico, tinha 40.000 lugares.
Foram colocados à venda 32.537 ingressos, porém testemunhas afirmam que viram pessoas entrarem no estádio sem ingresso. Com essa falha de segurança, rapidamente o estádio ficou superlotado. Aos vinte e três minutos de jogo, uma briga entre torcedores gerou confusão e parte da grade de separação da arquibancada cedeu. Imediatamente torcedores começaram a invadir o campo de jogo para evitarem ser pisados por outros torcedores em pânico. O jogo foi interrompido pelo árbitro, Eurico Miranda entrou em campo para agilizar a remoção dos feridos e para negociar o reinicio do jogo. Ao fim de duas horas ainda havia feridos em campo e o governador Anthony Garotinho decidiu intervir, ordenando a suspensão do jogo.
Segundo o regulamento da competição, se a torcida de um time fosse responsável pela interrupção de uma partida, o time seria punido com a perda do jogo, indo os pontos para a equipe adversária, o que faria do São Caetano campeão da Copa João Havelange. No entanto, após pressão dos dirigentes e da imprensa, foi realizada uma reunião entre representantes dos clubes envolvidos, das federações estaduais (SP e RJ) e do Clube dos 13, que terminou com a marcação de uma nova partida, para o dia 18 de Janeiro de 2001. Todo o impasse desse jogo final serviu para coroar o torneio como o mais desorganizado de todos os tempos.
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